Café filosófico: a digitalização do Homem

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Vivemos num plano inclinado em direção ao mundo digital. As nossas vivências sofrem uma força centrípeta que as arrasta velozmente para a virtualização da realidade. Todos queremos viver neste novo admirável mundo feliz. É na internet que queremos estar, aqui tudo é mais rápido, mais fácil, mais cómodo e mais bonito. A comunicação é automática, a informação é ilimitada, o consumo é desenfreado e o entretenimento é intenso. Daí a nossa entrega voluntária, a migração em massa para esta terra prometida, um novo Éden. Para trás fica a dura realidade, com as suas fricções, a sua incerteza e o seu ar irrespirável. Para trás, ficam os nossos corpos, com as suas fragilidades e doenças.

O digital muda tudo, desintegra a realidade e mergulha o indivíduo numa dimensão eletrizante. Por isso, estamos deslumbrados com aquilo que achamos ser a experiência autêntica e vibrante. Não discutimos os riscos nem os perigos desta sedução irresistível, desvalorizamos a perda da privacidade, não estamos preocupados com a hipervigilância, nem temos consciência das implicações negativas da manipulação massiva de dados. Acreditamos, acriticamente, num solucionismo tecnológico. A internet entusiasma e, por isso, não pode ser perturbada nem discutida. É uma espécie de vaca sagrada da qual esperamos a resolução de todos os problemas, nem que para isso seja necessário esvaziar a alma humana.

Neste sentido, os alunos interessados são convidados a redigir um ensaio filosófico (máximo uma página) sobre esta temática, problematizando em que medida o ser humano se está a precipitar para uma digitalização do mundo, da vida e do Homem. A entrega será feita até ao dia 9 de maio de 2020 para o email : jose.augusto.ribeiro@sa-miranda.net Posteriormente, os melhores textos serão publicados na página da Escola.

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